Fénix

Não sei se por toda a gente perpassa esta sensação. A sensação de estar farta desta menoridade humana. Da mesquinhez e pequenez que tão rapidamente subjuga grandes sonhos guiados por grandes princípios.  No início, a ingenuidade de quem se sente um feto, o amor genuíno pelos sonhos, a alegria de nos dedicarmos ao que amamos e no qual, por dom ou trabalho, somos bons. Verdadeiramente bons. O que é a vida? Senão a arte de fazermos coisas. Coisas que amamos. O problema reside no momento ténue que existe entre o amar o que fazemos, e o outro domínio, completamente oposto, o amar o sentimento de poder. O amar o ego. O ego, no surgimento de falhas, não se alimenta da vontade inicial sonhadora para colmatar as falhas e aperfeiçoar-se, pelo contrário, não as aceita, e para isso corrompe-se, contorce-se, liberta-se de todos e quaisquer princípios,  para se manter na segurança daquilo que já obteve até então.
É o que acontece com muitos políticos, e com muitas daquelas pessoas que designamos más, mas é o que acontece, também, com cada um de nós, diariamente. É tão perigoso, quando nos tomamos a nós mesmos por humildes, bons, cheios de grandes ideais, é tão perigoso, porque nos estagna, turva-nos a visão, não nos permite ver, quando falhamos, quando vamos contra tudo aquilo que defendemos.
E é tão bonito, quando falhamos, e nos renovamos, quando somos verdadeiramente irradiados pelo amor de concretizar sonhos, de viver com alma, de fazer coisas, de alegrarmo-nos com o que fazemos, o sentimento de pertença, de utilidade, de crescer, de aprender... quando nos aperfeiçoamos!