humanóides

Não há nada que seja mais complexo de definir que o amor. Nada! É daquelas semânticas, que irrita, ser tão estritamente pessoal, e tão, satiricamente uma noção universal . Saramago, dizia num dos rascunhos deles que o amor não é suficiente. Que o amor não resolve nada. Grosso modo, que o amor, aquela realidade que toda a gente quer que os outros sintam para connosco, não basta. Isto porquê? Porque o amor não é uma realidade. São muitas. A da paixão, a da amizade, a do respeito mútuo, e, e,... toda a panóplia de sentimentos humanóides que nos fazem ser felizes! Mas gosto de me resumir a estes três! Creio que são basilares, e que por mais interligados que possam parecer, têm todos uma essência dissociada! À mais de dois mil anos que nos foi entrosada a ideia amai-vos uns aos outros. E o ideal continua a não ter eficácia. E se fosse... respeitai-vos mutuamente e sejam amigos uns dos outros? Sim, porque embora o amor, seja a conjugação de todas elas e portanto uma realidade suprema, é como quase tudo o que é supremo - inalcansável  Ainda por cima, por humanos, seres cheios de falhas, com uma mescla potentíssima de inseguranças, más formações de personalidades e síndromes de inferioridade sob mecanismos de defesa egotistas. Contudo, o respeito mútuo e a amizade (até por mais falsa que seja, desde que eficaz) são generalizadamente sentimentos possíveis no nosso dia-a-dia. Fruto do bom senso, da ética, de condutas sociais. Mas isto é cultural, nasce de uma ideia de reciprocidade, cujo cumprimento, permite uma paz social, e portanto, pessoal. A paixão não! É inerente a nós! Aquela chama que é uma escolha nossa, paixão pelas pessoas, pelas atitudes de respeito ou de amizade não por paz social em primeira instância, mas por dever. Pelo que deve ser. Pelo sentimento de que quando somos nós o "outro", a pessoa que nos "ama", o faz de forma natural, genuína no mais íntimo de si.  E que gosta de o fazer. Que tem paixão! É isto! E por isso é que o amor é estas três! E não só paixão, porque esta sozinha não edifica nada!
Assim talvez o amor bastasse e fosse eficaz! Mas a possibilidade é enviesada por nós mesmos. Porque não somos perfeitos, e a nossa capacidade para amar, também não o é. Por isso é que não a alcançamos, mas a luta, é por si só tornar o amor possível. 

«Ainda que não seja possível, não te afastes de mim, tem-me sempre estendida a tua mão, mesmo quando não puderes ver-me, se não o fizeres, esquecer-me-ei da vida, ou ela me esquecerá»

obrigado

Toda a gente nos diz qual é o caminho certo. É fácil concebê-lo nesta sociedade. Mesmo assim, raramente, cada um de nós o segue. O fim, eventualmente, até será o mesmo. Mas o caminho, para cada um de nós, nunca se apresenta como fácil. Para ninguém. Cada um com os seus obstáculos, cada um com os seus graus. Mas todos eles sentidos.Todos eles com erros. Todos eles com quedas e lágrimas. Todos eles, com arrependimentos e ingenuidades. Mas no fundo, tudo isso, é o melhor de nós. Porque nos constrói, porque fortalece o nosso ser, ensina-nos a firmar o pé, a ser humildes e a tornarmo-nos melhor. O que seríamos de nós sem as dificuldades, para nos tornarmos melhores? Descobriríamos a nossa verdadeira força? A nossa verdeira inteligência? A verdadeira vitalidade do nosso ser? Por isso é que eu afirmo, tenho o melhor de tudo, a melhor família, o melhor namorado, os melhores amigos, a quantidade certa de dificuldades e de azares. Porque a minha vida, é a minha vida, com tudo o que ela incorpora! E eu sou eu, com todas as imperfeições e cansaço! E todos os dias descubro um pouco mais de mim, e sou também capaz de dar um pouco mais de mim! Afinal a única coisa que importa são exactamente as pessoas que vamos conhecendo pelo caminho e os atalhos cheios de trabalhos que elas nos dão a conhecer.


Tudo isto para dizer que espero, e mesmo, que todas as pessoas que me ensinaram todos os mais longos e bonitos atalhos e que me fizeram chegar aqui, se sintam pelo menos uma vez na vida, tão felizes como eu.

O mais sincero obrigado, 
para sempre,
amigos.