A "excelente ideia"



Hoje perguntei ao meu pai: Pai o que é a união europeia?! (não procurei dirigir qualquer resposta). E ele, rapidamente, respondeu: É a união de alguns países da Europa. De seguida, interpelei-o: E agora, o que achas que irá acontecer? E recebi esta afirmação: Vão desintegrar-se todos, porque cada um chega as brasas à sua sardinha.


Ora, para mim, a União Europeia é uma excelente ideia. Que não vigora. É, então, um império económico e político, onde se reduzem as grandes ideologias da humanidade a meras etiquetas sem valor. Tomemos por exemplo a democracia. Como a vivemos é uma ridícula falácia desprovida de sentido. Sim, sim os governos são resultantes de eleições democráticas. Mas, logo após, os resultados eleitorais, os governos transformam-se em mandatários de um só poder, não o do povo, quando esse deveria ser o único, mas sim o do aparente único e real poder efectivo, o das conjunturas económicas e financeiras.

E qualquer, sinal de convergência dos lideres europeus na resolução da crise económica, não é ideológica, mas sim uma táctica natural da defesa dos interesses do país que governam. Esta falsa união política concentra, portanto, cada vez mais poder nas mãos das grandes potências europeias. Ora, refiro-me portanto ao eixo franco-alemão. E, com efeito, os países mais fracos são, pelo seu reduzido poder político e económico, os primeiros sacrificados. Agora, parecem impor-se duas alternativas, que o Daniel Oliveira tão bem clarificou: "Hoje, como europeus, temos uma escolha a fazer: ou salvamos o barco ou saímos do barco. Ou federalizamos a Europa, criando todos os instrumentos políticos, económicos e financeiros (os três em simultâneo) para garantir a soberania do povo sobre o seu futuro; ou pomos fim a esta loucura e cada um trata de si, protegendo as suas economias, tendo moedas próprias, políticas aduaneiras próprias, incentivos à produção nacional, etc."

Bem, sinceramente não acredito que Portugal reúna condições para seguir o segundo caminho. E o primeiro, é uma utopia de bolsa. Desesperante, de facto.


Merda: a "gaia ciência"

Sim, infelizmente, todos fazemos parvoíces, cometemos erros, possuímos defeitos e somos falíveis. Não admira, por isso, que sejamos nós também a sofrer os efeitos das consequências dos nossos males. É claro, que os erros são uma espécie de flagelo. Agora, o problema prende-se com o alvo que se deve deteriorar. Primeiro, passa por compreendermos que as auto-avaliações carecem muita vez de realidade e, raramente, são análises correctas e devidas dos nossos falhanços, ao longo da nossa história de vida - ou porque são destrutivas de "ser", ou porque, nem sequer existe consciência para analisar seja o que for. Segundo, que é nos falhanços que se encontra a matéria-prima para construirmos um ser melhor. Terceiro, e por fim, se os erros são uma espécie de flagelo que o sejam sobre o alvo devido: o que correu mal, e não sobre o que de nós pode correr melhor. Porque na verdade, tendemos a encarar as derrotas como uma desculpa plausível de não voltar a arriscar. E isto, acima de tudo, consequência de uma preguiça mental imensa, em que preferimos esquecer do que voltar a tentar. E portanto, ficamos sempre aquém das nossas possibilidades, vitimas do nosso medo. Quanto tempo demorará para compreendermos que os fracassos de quem ousa desafiar-se a si mesmo e ao mundo são sucessos? Porque o simples arriscar, contribui para uma introspecção sobre os fracassos, que nos poderão conduzir a futuros sucessos. Sendo que, espíritos de ânimo corajoso e elevado, prestam atenção exponencial a tudo, estando ou não perante sucessos, na medida em que o que existiu de negativo (ou de menos positivo) seja uma oportunidade para se estudarem, emendarem e aperfeiçoarem. Digo, simplesmente, que a inércia não conduz ao fracasso, mas também não propicia o sucesso. Porque, por vezes, o maior sucesso é tentar. Deixando de uma vez por todas este empobrecimento induzido de espírito que não benefecia de felicidade. Não nos iludemos, na vida se queremos brio e vitória, devemos ter quedas e derrotas. Ninguém nasce perfeito no ventre materno. É preciso cairmos, para termos necessidade de evitar quedas. Tal como, por um lado, dá pena vermo-nos nesta pobreza não só de pensamento como de bolso, mas como por outro, possamos aprender, desta forma, a nunca mais  nos colocarmos nesta situação (como dizia o outro). E a graça está, no momento, em que a merda se transforma na "gaia ciência".

O pseudo-sucesso


Onde começa a afirmação do poder do estado, termina a liberdade do indivíduo. Em sociedades injustas, pobres de espírito crítico, iludidas por um governo que ao invés de promover a diversidade de pensamentos, responde ao pluralismo com mais centralismo, em sociedades assim, como esta, o que está em grande causa é a educação. A liberdade de educação é constantemente relativizada, confunde-se o actual facilitismo com uma directriz completamente libertina do estado perante a educação. Mas repare-se que, por parte do governo, o que existe, é uma enorme centralização de poder, em que tudo é decretado ao mais ínfimo pormenor, no pormenor da reprovação do aluno, como por exemplo. A mensagem que passa, é que com tanta burocracia, o Estado está de facto exaustivamente preocupado com o processo educativo. Mas o que, de facto acontece, é que este pressuposto, é somente, uma enorme máscara que substitui o conceito de avaliar bem, por controlar bem o processo. E portanto, controla-se o processo em demasia, mas avalia-se mal. Os estudantes não são avaliados, os educadores não são avaliados e os resultados não são avaliados. Nada do que efectivamente corresponda a exigência, ocorre. Criou-se uma espécie de controlo estatal que tem a Educação como pertença, e não como serviço. Como uma missão reguladora, com determinadas directrizes de referência genéricas, que sobretudo, controlem a Educação para o seu caminho correcto: a avaliação do que se está a passar mal. E o que se está a passar mal, é a priori, a predisposição dos pais, que se vão à escola não vão julgar os filhos por estudarem tão pouco, vão para protestarem com os professores por lhes darem notas tão baixas. A seguir, é que se trabalha para as estatísticas, sobre o pretexto de barbaridades grandiosas que enchem os ouvidos: "o que interessa é cidadãos críticos e activos". Vejamos o exemplo das Novas Oportunidades com o grande slogan "Aprender compensa", como é que pode compensar, se combatemos o insucesso, os maus resultados, com o facilitismo? O insucesso disfarça-se, com exames e projectos simples, para manter as aparências quer a nível interno quer externo. E depois apela-se à teoria de que não interessam os conteúdos, mas sim, cidadãos críticos, capazes de fazer o bem. Esta é simplesmente a desculpa para os preguiçosos démodés, isto é, para os pedagogos mariquinhas com medo dos maus resultados dos estudantes mimados. Como é que podemos ter um cidadão crítico se tem dificuldade em ler o jornal, se não tem em seu poder substâncias simples de história ou português?! Não podemos trabalhar para o ressentimento de uma geração, porque isso não acrescenta rigorosamente nada ao país. O que faz falta é uma exposição da ferida. O insucesso só se combate com exigência.

Verdade política

Não questiono a boa-fé de muitos cidadãos que se tornaram políticos, acredito piamente que muitos deles acreditassem a meio do caminho da sua ascensão ao poder, conseguirem, efectivamente, alterar o rumo do país, segundo os seus princípios. A questão é que se vinculam a um determinado partido, com uma determinada ideologia. E nesse processo de vinculação muito se perde, e acima de tudo, porque se instaura um processo de contaminação de consciências. Ora, a verdade, é que temos muitos homens que sentem esta necessidade de serem "revolucionários", mas, no entanto, são fracos, porque se compadecem ao velho drama de sempre, à necessidade de uma cultura de poder e não de uma cultura crítica. E portanto, arrastamo-nos para as mãos de pequenos homens, que governam as ideologias (que não são necessariamente suas), e por conseguinte, a sua própria sobrevivência. É humano que assim seja. E com efeito, estes pré-políticos, entram numa espiral descendente de princípios, que se contrapõe a uma espiral de ascenso da necessidade de sobreviver. E quase sempre, isto ocorre de forma inconsciente (que ingenuidade a minha). Inicialmente, os que até possuiam uma coluna vertebral, deslocaram a coluna. E o espaço que pertenceria à coluna fica vazio, débil, propício ao parasitismo de invertebrados. É fácil tornarem-se tão pouco, e tão silenciosamente. Esta é uma espécie de torção imperceptível. Julgam que no poder existente, encontrarão protecção, projecção e ascensão. E esquecem-se que já estão a padecer do mesmo problema do poder que criticavam anteriormente: a corrupção. Nem que seja de pensamento, e daquilo que se é. O poder corrompe. E portanto, a melhor forma de se conhecer o carácter de um homem, é dando-lhe poder (Lincoln).

Vejamos este caso. Existe aparentemente uma oposição. O que é que ela pretende? "Voltar ao poder? Loucura! Minorar o governo? Estupidez."  (É boa, é a fazer oposição a si mesma). "Actuar em nome de princípios que jamais tiveram no poder? Hipocrisia."
A verdade política é como tudo na vida: Mutável.

"o coiso" do Santos Pereira

Um resumo do meu silêncio. Por todo o mundo surgem sucessivos escândalos. Temos a polémica em torno do Vaticano, em que parece que foram revelados determinados documentos, que dizem não sei o quê, sobre não sei quem, com um determinado propósito, segundo o qual se desconhece a causa. Mas é uma grande notícia. Temos também, o caso das Secretas, ao que aparenta, inverteu-se a situação, já não temos jornalistas a denunciar jogos de poder políticos, mas sim políticos com jogos de poder a denunciar escândalos jornalísticos. Entretanto, ao virar da esquina surge o tão aclamado PM, que diz que não demite ninguém por receberem mensagens. Inteligente ele. Correcto e transparente. Claro, que como para o povo português o que parece, é. E o que é, não é. Tudo se admitiu com uma enorme verossimilhança. É sempre a mesma coisa a mentira  redunda sempre à verdade. Chegou a altura de apelarmos à utopia de bolso, como dizia o Ricardo Araújo Pereira, mas sejamos modernistas, apelemos à utopia das frases Nicola, ou aliás, melhor ainda, à utopia dos bolinhos da sorte chineses. Que esses é que abrem oportunidades, esses é que nos permitem ambicionar ir além do impossível e suportar o insuportável. E como sugere o nosso Governante, cheio de lirismo, o desemprego é a arte da possibilidade. Pois, até poderia ser. Se não estivéssemos sem possibilidades, se não tivéssemos que ser tão pragmáticos para sustentar as nossas famílias. Portanto, uma boa possibilidade que  se perdeu foi a de ter estado calado. Tal como o biltre do ministro da economia. Que define o problema do desemprego como "o coiso", que tem que ser ultrapassado. Muito elucidativo, de facto. O meu pai quando não quer dizer "o caralho", também diz "o coiso", é tudo uma questão de mascarar as verdades inconvenientes. E porque nem tudo é mau, deixo aqui o meu aplauso de pé à coragem e coerência do Nuno Crato em responsabilizar os pais pelos comportamentos dos filhos. Porque não nos podemos demitir da educação dos  nossos filhos. Amen.