nem sempre adquirimos uma melhor visão do mundo. é como aquela nebulosa de janeiro que se instala sobre o orvalho das ervas, impedindo-nos de ver de como a manhã nasceu lá fora. a chuva pode cair, a atmosfera estar cinza, as árvores despidas a balouçar, meticulosamente, de um lado para o outro - mas não em vão - o rio a correr gélido, o esfregar de mãos, desconhecidos a cruzarem-se na estrada, ou não, nunca iremos saber que isso de facto aconteceu no mundo. aliás, ninguém parece importar-se com isso ultimamente. é como se todos os poetas tivessem vindo a morrer no decorrer destes anos sem terem deixado qualquer ensinamento aos boçais. é triste, mas às vezes até eu sinto que preciso de limpar a nebulosa dos meus olhos com a mão, sair de mim e olhar um pouco para cada movimento que, usualmente, perdemos por estarmos fechados numa concha que não deveria ser nossa, por nos comprazermos a não ser, numa decrepitude que nos desgasta, que nos impesta.

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