O povo português é um país que deriva no mar dos seus antepassados, vivendo agarrados a um passado que foi, mas que porém, querem retomar. O problema é que esta intemporalidade e paragem no tempo é imóvel e carece de dinheiro e vontade. A ideia do que fomos assombra-nos o presente, quando, no entanto, deveria vigorar como motor de ascensão a um futuro. António Barreto, numa das suas críticas, referia a insatisfação implícita, mas que insatisfação é esta que não nos impele para a frente, que não nos conduz a fazer coisas? O homem é um ser pensante e um ser fazedor de coisas, e assim o terá que ser também o português.
Esta insatisfação, não passa de falácias, de verbos conjugados negativamente, de um pessimismo que se compadece ao romantismo velho.
Mas que povo português é este? Procuram-se heróis mas encontram-se políticos manipulados, vaidosos, empertigados, que nos seus vivos discursos nos impelem a soltar bravos no ar, como algo monótomo e impulsivo, mas não, e nunca racional.
Como dizia procuram-se heróis, e nós próprios portugueses, gostamos, sabiamente, de retorquir quais meticulosas medidas são necessárias tomar para levantar Portugal. No entanto, quantos, que o pretendiam tornar realidade, não ficaram ofuscados pelo dinheiro, pela corja engaiolada sobre os pilares sombrios do dinheiro!
E que vida, que vida esta? Nada se faz, nada se é, mas tudo se lamuria aos céus, esperando perpétuamente por uma Santa do Rendimento ou pelo Santo António da Boa Ajuda. Com efeito, parece que continuamos num país devoto e tradicional, mas que não confia em si, não luta por si, que padece no tempo e que já não tem príncipio, meio nem fim. 

Sem comentários:

Enviar um comentário