Não se trata só de sermos bons, conscientes, justos, moralmente correctos e outras possíveis proezas semelhantes. Não vamos contudo supor que o peso desta convenção não é suficiente, no entanto o grande objectivo é não imitarmos modelos. Tu és o arquétipo de ti mesmo, o protocolo, único e singular. Trata-se, portanto, de superar os modelos. Aprender com eles para os ultrapassar. Claro que a esta mentalidade se parece arrastar um egoísmo próprio, numa altivez e auto-afirmação ditada especificamente por cada um de nós. Contudo, importa reconhecer que só o querermos ser melhores (no sentido etimológico da palavra) pode justificar e evidenciar a confiança do homem em si próprio, nas suas possibilidades inventivas, na capacidade de desfazer ilusões inibitórias e teias de ignorância. Todavia, não é um ser por excelência que fará a diferença, nem sequer o mais ilustre. O ideal humano é o retrato de um esforço individual para uma mesma questão fulcral. Esta é a minha fé, a fé no homem. E por isso, procuro representar a crença no valor do mérito e do esforço - a fé na acção do homem. Não obstante, poucos chegam a atingir esta visão, que em teoria, até nos aparece como algo acessível a todos. O homem que rasuramos torna-se muitas vezes uma figura solitária, encarnando um tópico humanista de desprezo pela vulgata, isolando-se, hesitantemente. Não há dúvida que cheguei a uma contradição, o problema afigura-se-me: Identifico-me com a substância que escrevi até então, como com as dúvidas sobre os valores que inspiram a mesma. A mais pura das verdades é que não há uma recompensa, com um sabor de plenitude, compensando as misérias e sacrifícios. Isto é, aqueles que realizam uma obra notável no plano da realidade e que se sacrificaram pela verdade ficam confinados a um plano real profundamente decepcionante, ingrato e injusto. Na realidade, a mais pura, nua e crua verdade é que somos humanos.

5 comentários:

  1. Somos tanto seres humanos como seres intrinsecamente racionais. Alguns seremos!

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  2. Somos tanto seres emotivos como racionais. O que pressupõem, portanto, ser-se humano.

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  3. Não precisas! Que mania a minha de refutar também.... Característico de quem é terrivelmente humano :(

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