Nepotismo, benesses e tachos

Há por aqui muita gente que, um quanto ou quanto à boleia da crise, em vez de serem cidadãos, têm sido os principais aliados do medo. E é este medo, por consequência, o principal aliado do Governo. Conjuntura esta, que por definição e contexto, deveria naturalmente repartir as dificuldades; promover uma educação de alta exigência ética face aos sacrifícios que estão a ser exigidos à maioria da população; auto-propulsionar-se ao crescimento e à competitividade com, exactamente a mesma prodigiosa imaginação com que inventa impostos e os destrói, sem remorsos; acusar os corruptos, os hipócritas com o drama que a mesma situação exige. O progresso humano, incluindo o desenvolvimento económico, não se justifica apenas como um mero produto de melhores índices de acesso dos séniores ao ensino, maiores audiências de telenovelas ou, e ainda, no mesmo plano, de maiores índices de pensantes baratos que reflectem sobre o bem-estar económico de cada um, sobre o facto de o homem distinguir o bem do mal - e que doçura que é pensar! Reparem que isto é só parcialmente verdadeiro, o homem prova a sua inferioridade moral quando efectivamente pratica actos tão animalescos como as outras criaturas, que ao contrário de nós, não possuem superioridade intelectual. Portanto, esta ideia do "nem tudo é tão mau quanto parece" é ridícula e contraproducente. "A esperteza, a duplicidade, a ficção, os artifícios, a política e os actos mundanos são o nosso próprio inferno". Ataca os fracos, favorece os amigos e eis os representantes deste país a apelar à sensatez, com o bombardeamento de discursos mais depressivos de que há memória. Discurso este que não é normal nem natural, mas sim cínico e um ultraje à dignidade das pessoas, porque não é um discurso de verdade que se sublinha, mas sim um subtil ataque, que obedece a uma estratégia conveniente de nepotismo, benesses e tachos.

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