Quando sinto um vazio oco, tento recordar-me da amizade, esse sentimento que nos prende ou nos repele para a eternidade. Quando sinto um vazio relembro-me de como fui feliz, deitada no chão a sorrir, a cantar para a madrugada. Lembro-me das pessoas - que mais foram as desinteressantes do que as interessantes - que passaram na minha vida e fizeram parte de mim apenas por curtos anos de existência, senão meses, que não duraram muito, que fugiram de mãos dadas com o tempo.
Apetece-me não estranhar esta minha imprudência ou demência na escolha de parceiros de festas e gritos de guerra, mas estranho, porque enquanto reflicto, embebida em passados pouco marcantes, acabo por me sentir traída pelo meu instinto. De facto, - penso - poucos foram aqueles que continuam ao meu lado e que não se foram com a maré. Não, eu nunca conheci alguém tão apaixonante assim para me prender estes olhos de terra em algum corpo de alma eterna, irmão ou personagem de todos os dias. Só me restam vocês: tu J. e a minha adorada J., e mais alguns, mas que temo perder, como apenas uma cicatriz que se cura. Vocês sim, já foram tatuados neste peito. Estendo-me, aqui, neste momento para o que já passou, para o que foi, para as risadas a meio da noite que demos, para os abraços apertados e para as conversas que se diluiram em nós por baixo de uma lua cheia que sempre que queremos e desejamos ter, por horas, fazemo-lo.

2 comentários:

  1. Tu foste, definitivamente, uma pessoa interessante, fantástica, enorme. Fiquei mais feliz e completa por te conhecer, e agradeço por ter sido digna de ti :')

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