volto porque me incitam as palavras e todo o sentimento que ressoa aqui dentro. aqui, onde sempre guardo um bálsamo energético e pulsante, que bombeia sangue e inquietação. volto porque a ausência sabe-me a sal e, ainda que o regresso seja embebido em água do mar, saceia, porque "sou", porque "estou", neste percurso de presentes constantes e de hiatos fantásticos que me põem à disposição da vida. volto porque não sei viver sem! volto para alimentar este vício que me norteia por entre os caminhos que tomo, e que revelam uma sede incrivelmente sôfrega e que me faz embriagar-me na sobriedade. volto porque resido nesta casa de tantos fenónemos, de tantas lembranças, de tantos disfarces e "robertos", de tantos vãos do meu coração. volto para poder respirar com a simplicidade de outrora, desafogando os sonhos, os amores e os receios. volto para dizer que fui, como tantas vezes, e que voltei, como tantas outras, para mais um presente de ventos corriqueiros, para desgastarem o meu corpo, preso neste tempo, que se arrasta e que se estende diante dos nossos olhos. volto para não ser parte desta multidão de "cães", "cadáveres adiados", "cabeças a rolar pelo chão" e de uma "mocidade pálida". volto para não ficar inerte, eu não careço de mobilidade, tenho os pés assentes no chão. e volto para aprender: o tempo é móvel, não posso viver um presente, retomando sucessivamente ao passado. tudo flui, nada permanece o mesmo... portanto não estamos a horas de nos compadecermos. eu volto porque não estou satisfeita!

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