Que democracia?

Faço-vos, aqui uma declaração: não gosto desta democracia - daquilo em que os políticos a deixaram transformar; tomada de assalto por gente sem escrúpulos e com falta de formação humana e civilizacional e por tipos com ambições desmedidas e sem qualquer preocupação pelo outro.  Posso ignorar muitos decretos, muitos elementos constitucionais. Mas não ignoro a "tomada de poder" que se está a demarcar. Não vivemos uma democracia que honra a sua República, o seu país e a sua gente. Há muitos "democratas" que o são pela sua defesa e que aderiram à política pela lógica de poderem servir-se a si. Estamos todos envolvidos neste ilusionismo. Uma democracia que foi tomada por gente de transacções comissionadas, por gente ameaçadora, manhosa e perigosa.
E pior, é que vejo trincheiras, fileiras, multidões à pinha fascinadas com isso: com o poder. Prontos a trocar uma coluna vertebral por um lamborghini na garagem. E sobretudo: a trocarem o que são por uma sensação ridícula e humana de nos sentirmos superiores aos outros. Na actual sociedade democrática é convencional a despreocupação, a má-educação, o egotismo, a ganância. E é difícil ir contra aquilo, em que determinada altura, é moda. E mais do que isso, uma espécie de lei da sobrevivência. 
É uma árdua luta, a de ir contra a desregulação da ética, a desregulação que elevou a desvalorização da vida, da família, do esforço honesto e da esperança que envolve. Mas quando penso nisto, gosto também de pensar que em lugares recônditos, fétidos, doentios, depressivos, há quem faça obras assinaláveis pelos outros, sem nada em troca. Há quem conjugue à procura da verdade, o amor interpretado correctamente. Eis algo que é raro.
"Ecce Homo", de Antonio Ciseri. Pilatos mostra Jesus ao povo de Jerusalém

1 comentário:

  1. "Mas quando penso nisto, gosto também de pensar que em lugares recônditos, fétidos, doentios, depressivos, há quem faça obras assinaláveis pelos outros, sem nada em troca. Há quem conjugue à procura da verdade, o amor interpretado correctamente. Eis algo que é raro."

    "always look on the bright side of life" :)

    Há sempre algo ou alguém a agir por coisas, por causas, que valham a pena.

    O associativismo é, também, voluntariado. Ao juntares-te a ele, estás a fazer parte do "bright side", das pessoas que se mexem, que agitam, que criam obra.

    A AAUM ganhou uma boa colaboradora, pelo que me está a parecer :)

    ResponderEliminar