Cheguei ao bairro de Olaias, embarquei na carris, levava um sufoco no coração e um olhar carregado sobre as paisagens clássicas de lisboa, no decurso até ao Martim Moniz a essência da grande metrópole estava ali reduzida, à velha e boa Lisboa. Para cima, iam as hortas de Chelas, para baixo o triunfo de um estacionamento não pago, e a inveja do outro, que lhe olhava a traseira.
Desci do melancólico autocarro, pousei os pés na calçada e subi pela rua acima, em direcção a um quarto de hospital. Ia com o brilho e esperança, que até agora não tinha sido demonstrado, face à sua não necessidade.
Debrucei-me sobre a cama do hospital, beijámo-nos com um ósculo reconfortante...os beiços dele contorceram-se, lutando por um fugaz sorriso e pelo poder da palavra.
Pareceu-me bem...o dia estava puro e sereno, mas não como todos os outros precedentes, porque as circunstâncias eram outras...outras, tão outras e diferentes das outras!
Toda a família tinha dado cuidadosamente as suas providências, e no final ambos chegámos, sem nenhum "acidente" ao nosso destino.
Eram boas seis horas da tarde quando cheguei ao ponto de partida. E assim tinha sido a minha viagem, tinha visto alguma coisa do mundo, e moldei-me durante mais um instante. De todas as viagens, foi nesta que reconheci a minha menoridade, foi nesta que me repreendi pela minha distracção e egoísmo. Foi nesta que (o) perdi! Mas também foi nesta viagem, que vi, que vi para além da voz do silêncio, o lutador, o sábio, a majestade que era...o pai e o (meu) Avô.

Sem comentários:

Enviar um comentário