Movimentamos esforços para sermos melhores: tentamos ser mais humildes, tentamos abandonarmo-nos da nossa arrogância, ter mais actos de caridade, e de ter uma maior liberdade interior. E muitas vezes adormecemos sempre com a certeza de que todos os esforços se parecem reduzir ao nada. Nada parece ser eficaz. Tudo parece ser, simplesmente, destruído com o passar da vida: a relação íntima que nos deixa desconcertados, a amiga que precisa de desabafar, uma crítica familiar, uma humilhação, impasses, ânsias, o inseguro, o desconhecido,... E qual a nossa resposta à vida? Não somos nós participantes nela? Não é isto precisamente a resposta de Deus aos nossos esforços? Tudo o que nos acontece, é uma oportunidade de crescimento, maturação e liberdade. Não existem estratégias de automelhoramento. O maior segredo da conversão é o amor. O cairmos do alto das nossas seguranças, do nosso estatuto, da nossa respeitabilidade, da imagem que criamos de nós mesmos, das nossas defesas para amar, e... deixarmo-nos amar! O ser melhor exige um abandono total. E é entregando-nos aos outros, que acabamos por nos mudar a nós próprios. E não basta achar mal as nossas falhas, não basta com a razão reconhecer que está mal e decidir mudar. É preciso revoltarmo-nos contra nós mesmos ao ponto de chorar. Não como quem chora lágrimas de remorso e orgulho ferido. Mas como quem chora lágrimas todas elas de amor, de uma pena enorme de ter cometido determinado erro, de ter perdido algo que era sagrado na sua vida, de não ter conseguido ser bom, nem melhor.

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