É natural que quem quer "elevar-se" sempre mais, um dia, acabe por ter vertigens. O que são vertigens? Medo de cair? Mas então porque é que temos vertigens num miradoiro protegido com um parapeito? As vertigens não são o medo de cair. É a voz do vazio por debaixo de nós que nos enfeitiça e atrai, o desejo de cair do qual, logo a seguir, nos protegemos com pavor. (...)
Poderia dizer que ter vertigens é embriagarmo-nos com a nossa própria fraqueza. Temos consciência da nossa fraqueza, mas, em vez de resistir-lhe, queremos abandonar-nos a ela. Embriagamo-nos com a nossa própria fraqueza, queremos ficar ainda mais fracos, cair por terra em plena rua à frente de toda a gente, ficar por terra, ainda mais abaixo do que a terra.
Kundera, M. in A Insustentável Leveza do Ser

qual o (real) peso da vida? Será este decidido por nós? Será essa pesagem da nossa inteira responsabilidades ou outros factores são, para si, absolutamente determinantes? Qual a melhor opção: uma existência levemente suportável ou uma existência mais pesada? Uma existência com o facilitismo da leveza ou uma existência com um peso responsabilizador? Que existência? Qual a sua efectiva definição? Poderá haver uma definição?

1 comentário:

  1. claro que não pode existir uma definição...não se pode definir o que nos transcende, o qeu é incomensurável e infinito... haverá sempre leveza e, haverá também responsabilidade e peso... que existência? a tua existência, a nossa existência... existimos, quer queiramos quer não, mas a decisão de viver será sempre nossa!

    Rita Dias

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