Medo de ter medo

Tenho passado uma estação muito difícil: não consigo escrever uma linha que seja, acerca dos meus sentimentos. Sentimentos de teor, somente, pessoal e exclusivo, explicito. Esta incapacidade desespera-me, porque é resultado de um estado interno profundamente desnorteado. A falta de sentido para a minha vida aumenta com o tempo, e consequentemente, com ele todo o meu ser se fustiga corporalmente, e a minha alma, a minha força de vida vai-se corroendo. Sonhos a mais (se bem que não acredito num grau quantitativo que adjective o acto de sonhar), incertezas petrificantes, inseguranças absurdas, e toda uma panóplia de dificuldades que no seu âmago  me atingem como se de uma doença se tratasse e que me deixa diminuída, meio exangue e com um défice de força vital. Este niilismo que deriva do medo, e que subsequentemente, provém de uma "imagem de mim" automutiladora, inibe a expansão da minha potência de vida, e até mesmo, da minha vontade de viver. No entanto, nunca fui dada a sentimentos tristes, e embora os sinta não os encarno. Porque o medo não é vida para ninguém. Eu não não ando "pr'aqui" como os demais. E ninguém vence e erradica o medo, sem agir! Portanto, ajo de forma a que exista, a que viva, a que ame e a que crie. Não obstante, o medo continuará sempre a pulsar, não sejamos crédulos e ingénuos ao ponto de o ignorarmos. Mas recuso-me a obedecer a esta doença de vida que ataca existências e as impede de crescer. A prudência e o bom-senso são aliados do medo e inimigos do nosso ser. O nosso verdadeiro tamanho medir-se-á pela movimentação dos nossos esforços para enfrentar o medo, ou pelo contrário no nosso investimento para "o manter". No fim, só nos arrependeremos das possibilidades que não aproveitámos.

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