Quem és tu que danças descalço na noite escura? 
Porque é que te deleitas com o cheiro e o sabor do sangue, dos corpos esventrados e inertes? 
Porque é que cantas sobre o silêncio tumular dos cemitérios que criaste? 
Ouves os gemidos que o vento traz?
No sussurro das árvores, na fonte onde corre um fio de água, no lago onde a Lua se reflecte, ecoam gritos distantes... 
Ouves? 
Caminhas sobre fogo. Incendeias as searas. Deitas-te no chão com um sorriso de criança, embalada pelo crepitar das plantas que ardem. 
Olhas para o céu com o olhar vazio e perguntas porquê vezes sem conta, até caíres de exaustão. 
Cruzas-te com rostos. Pairas sobre o mundo. Feres com a tua espada. 
Nunca páras. Nunca te deténs. Nunca olhas para trás, só vês em frente um caminho interminável. 
Quem és tu que, no crepúsculo de chumbo baço, uiva de dor?
T. Miguel, Não te deixarei morrer David Crockett

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